Potencial de sinergia entre grandes empresas e PMEs

Ralph Schweens é vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha e presidente da BASF South America
Ralph Schweens é vice-presidente da Câmara Brasil-Alemanha e presidente da BASF South America

É inegável a importância e relevância das pequenas e médias empresas para a evolução econômica de qualquer país. No Brasil não é diferente. Apesar do desafiante cenário político e econômico nacional, as pequenas e médias empresas representam uma porcentagem relevante para a economia brasileira – mesmo que tenham espaço para crescer ainda mais. Segundo a última pesquisa realizada pelo Sebrae e pela Fundação Getúlio Vargas, as mais de 9 milhões de pequenas e médias empresas representavam 27% do PIB nacional. Esse número, em valores absolutos, soma um total de R$ 599 bilhões (quatro vezes mais do que o resultado da última década). 

Ainda nesse estudo, se comprovou que as micro e pequenas empresas são as principais geradoras de riqueza no Comércio no Brasil, uma vez que respondem por 53,4% do PIB deste setor. Para o setor de Serviços o resultado também é relevante, representando 36,3% da produção nacional, ou seja, mais de um terço da produção total. Os dados demonstram a importância de incentivar e qualificar os empreendimentos de menor porte. Isoladamente, uma empresa representa pouco. Mas juntas, elas são decisivas para a nossa economia. 

As PMEs ainda representam apenas 1% das exportações brasileiras e esse cenário pode ser alterado com o auxílio de associações de classe e outras entidades. Existem muitas coisas que podem ser feitas para melhorar o desempenho das pequenas e médias empresas no País, e as grandes corporações podem ser de grande ajuda e referência para esta parcela da cadeia produtiva brasileira. 

O caminho para incentivar os pequenos empresários a recorrer ao mercado externo é integrá-los nas cadeias de produção de grandes empresas, pois assim será possível melhorar a competitividade e a produtividade, fomentado ainda as exportações indiretas das pequenas empresas. 

Na BASF enxergamos muitas oportunidades de interação com as PMEs, seja como clientes, parceiros ou fornecedores. Sempre que possível procuramos estender o nosso conhecimento para estas empresas por meio de programas de relacionamento e, principalmente, nosso sistema de gestão de fornecedores. 

Com esta iniciativa, estabelecemos padrões rigorosos de avaliação que motivam o desenvolvimento e a qualificação das pequenas e médias empresas que estão com a BASF no dia a dia de nossas operações. 

Na Alemanha, o modelo econômico leva em consideração a forte atuação das Mittelstand, ou seja, as pequenas e médias empresas alemãs, que representam cerca de 95% do PIB nacional. Isso se deve ao fato, de o governo alemão incentivar políticas que fazem com que as pequenas e médias empresas tenham uma atuação transnacional. Nesse sentido, as Mittelstand alcançam em pouco tempo uma maturidade econômica singular, mesmo com um número reduzido de funcionários, e são responsáveis por 68% de toda a exportação do país. 

Uma das tarefas principais da Câmara Brasil-Alemanha é incentivar o apoio de empresas alemãs, atuando no Brasil, às PMEs. Com o intuito de estreitar o relacionamento com as multinacionais, o Comitê de Pequenas e Médias Empresas foi fundado. Este comitê propõe uma série de workshops para ajudar as PMEs a se desenvolverem promovendo sessões de conselhos e “best practices” concretos. Os encontros abordam temas imprescindíveis para o crescimento sustentável das PMEs: segurança, excelência operacional, financiamentos governamentais, linhas de crédito, novos mercados, entre outros. 

Vejo na volatilidade do cenário econômico atual oportunidades para o desenvolvimento sustentável tanto das grandes corporações quanto das pequenas e médias empresas. Precisamos buscar cada vez mais sinergia para juntos alcançar os melhores resultados para nossas organizações e País.