Estudo do Senado questiona viabilidade do trem-bala

Nos feriados ou finais de semana, as grandes cidades brasileiras enfrentam um problema que se torna cada vez mais frequente para aqueles que desejam viajar: o trânsito caótico nas ruas e estradas. Na última sexta-feira (8), véspera do feriado prolongado de Nossa Senhora Aparecida, a cidade de São Paulo registrou 221 km de congestionamento, o maior índice do ano.


O primeiro trem da alta velocidade brasileiro (TAV), que deverá ficar pronto em 2016, promete ser uma solução para resolver parte dos congestionamentos e diminuir os riscos de acidentes aéreos e rodoviários no trecho Rio – São Paulo. No entanto, um relatório do Centro de Estudos da Consultoria do Senado aponta problemas no projeto, afirmando tratar-se de “um caso clássico de má qualidade da gestão de investimentos Públicos”.


Segundo o estudo, “não foram analisadas alternativas de menor custo, como trens de velocidade intermediária, mudança na estrutura aeroportuária, ampliação e recuperação de rodovias, reformulação de procedimentos de segurança de vôo, redistribuição de vôos entre aeroportos, conexão ferroviária entre os centros urbanos e aeroportos mais afastados, entre outros”.


Outro problema apontado seria a inviabilidade financeira do trem-bala – o preço previsto para a passagem, fixado pelo edital, é de R$ 0,49 (US$ 0,27) por quilômetro a tarifa-teto, valor que supera a tarifa cobrada no Japão, que é de aproximadamente US$ 0,25, uma das mais caras do mundo.


O valor orçado inicialmente para o projeto é de R$ 34,6 bilhões, sendo que R$ 20 bilhões sairão dos cofres do Tesouro Nacional para alimentar um financiamento subsidiado por meio do BNDES. O forte investimento estatal representa um empreendimento de “alto risco financeiro para o Tesouro”, afirma o relatório.


Trem para carros


Na Alemanha, país que tem uma rede ferroviária com mais de 40 mil km, a questão da mobilidade é tratada de uma forma múltipla, com alternativas de transporte dentro das cidades e nas estradas. Um exemplo disso é o “Autozug”, trem para carros. Esse tipo de trem permite que os passageiros levem os seus veículos nas viagens, transportados em cegonhas anexas.


Uma viagem de 1.300 km, de Hamburgo até Trieste, no nordeste da Itália, por exemplo, custa em torno de € 160 por pessoa com veículo. Com capacidade para dezenas de automóveis, os “Autozugs” podem ser uma boa alternativa contra os engarrafamentos e, ainda, para reduzir as emissões de CO2.

obs/Tchibo GmbH
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