Pesquisador alemão participa de evento da DWIH


Estrelas, poliedros, elipses e bolhas de sabão são algumas das imagens que o professor Günter M. Ziegler usará para demonstrar como as tradições científicas e artísticas foram interligadas ao longo dos séculos, na palestra que abre o “3º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação”. O evento, promovido pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação São Paulo (DWIH-SP), acontece na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, em 30 de setembro e 1º de outubro. Ziegler é professor e pesquisador da Freie Universität Berlin e foi agraciado tanto com o Prêmio Leibniz quanto com o Prêmio Comunicator da Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa (DFG). Nesta entrevista, ele fala sobre a importância da matemática para a sociedade.


De que maneira este evento pode estimular o desenvolvimento científico no Brasil e na Alemanha?


A Alemanha e o Brasil certamente têm histórias científicas muito diferentes e, portanto, diferentes perspectivas e abordagens. Dessa forma, projetos conjuntos podem incentivar e motivar o desenvolvimento em ambos os lados.


O destaque desta edição é a Matemática. Qual é a importância de discutir este tema?


A Matemática é uma tecnologia-chave, de alta relevância, não só para o desenvolvimento da ciência, mas também para a “indústria matemática”, que vai das telecomunicações à computação gráfica; de indústrias financeiras (bancos, seguradoras) à modelagem ambiental. A Alemanha e o Brasil estão entre os principais personagens nesses domínios. O destaque do Brasil foi confirmado neste ano pelo recebimento da Medalha Fields (o “Prêmio Nobel da Matemática”) por Artur Ávila, do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA).


Quais são suas expectativas em relação a sua participação no 3º Diálogo Brasil-Alemanha de Ciência, Pesquisa e Inovação?


Pessoalmente, espero poder conhecer pessoas interessantes e ter conversas inspiradoras. Gostaria de manter contato com essas pessoas e, se possível, realizar projetos conjuntos. Quanto aos demais participantes do evento, espero o mesmo.


Você acredita que o evento também pode ser interessante para o público não-acadêmico?


O público leigo tem muito a conhecer sobre a ciência e, em particular, sobre a Matemática. Isso não quer dizer que podemos ensiná-la para um público amplo em palestras – o ensino deve ser feito nas escolas. Mas podemos comunicar impressões sobre o que está acontecendo na ciência, sobre o que a Matemática pode fazer, porque é importante e porque devemos aprender mais. Além disso, a Matemática tem muito a contribuir para o bem-estar global. A tecnologia matemática afeta nossa vida cotidiana mais do que nunca – podemos citar, por exemplo, a modelagem de clima e tecnologias de segurança globais. Conhecer sobre este tema é importante não só para lucrar com isso, mas também para evitar medos irracionais sobre as coisas que não entendemos.


Um dos objetivos das discussões é desenvolver métodos para atrair o interesse dos alunos pela matemática moderna, com aulas voltadas para a solução de problemas da vida real. Como o 3º Diálogo Brasil-Alemanha pode ajudar a alcançar esse objetivo?


Matemática é um tema maravilhoso e importante, mas também uma ciência com muitos desafios. É importante torná-la viável e atrativa para os melhores talentos. Mas a imagem da Matemática na Alemanha ainda é muito antiquada. Estamos trabalhando duro para mudar isso – por exemplo, por meio da Assessoria de Imprensa da Sociedade Matemática Alemã, que dirijo desde o “Year of Mathematics 2008”, na Alemanha. Temos que promover uma nova imagem de uma ciência muito viva, e acho que este evento é uma grande oportunidade para isso.


Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo

Divulgação Sandro Most/ DWIH
Divulgação Sandro Most/ DWIH