Brasil e Alemanha tem sinergia em bioeconomia


O Brasil e a Alemanha têm grandes oportunidades para realizar pesquisas conjuntas em bioeconomia – como é denominado o conjunto de setores econômicos que utilizam recursos biológicos em seus processos produtivos. A avaliação foi feita por Manfred Kircher, presidente do Conselho Consultivo do Cluster Industrielle Biotechnologie (Clib2021) na abertura do German-Brazilian Bioeconomy Forum no dia 21 de maio, na FAPESP.


Promovido pela FAPESP e pelo consórcio industrial de biotecnologia alemão, que reúne empresas de pequeno, médio e grande porte e universidades e instituições de pesquisa alemãs e outros países, o objetivo do encontro foi discutir os principais desafios na produção de alimentos, agricultura sustentável e conversão e processamento de biomassa para fabricação de produtos de base biotecnológica no Brasil e na Alemanha. O evento integrou a programação de atividades do Ano da Alemanha no Brasil e foi patrocinado pelo Ministério da Educação e Pesquisa da Alemanha (BMBF, na sigla em alemão).


“O Brasil é líder em processamento de recursos biológicos no mundo, como a utilização da cana-de-açúcar para produção de açúcar e etanol, além do bagaço para a produção de energia e da vinhaça como fertilizante, e em desenvolvimento de biomateriais, biocombustíveis e biogás. Já a Alemanha é uma das maiores produtoras mundiais de biodiesel e se destaca no desenvolvimento de biomateriais. Dessa forma, os dois países apresentam muitas oportunidades de sinergias em pesquisa e desenvolvimento em bioeconomia para serem exploradas”, afirmou Kircher.


De acordo com Kircher, as principais matérias-primas de origem biológica utilizadas pelas indústrias químicas alemãs hoje são, majoritariamente, óleos vegetais, seguidos pelo gás natural e carvão, em menor proporção. Mas as biorrefinarias existentes no país europeu – como são chamados os complexos industriais que produzem combustível, eletricidade e produtos químicos a partir de biomassa – já tentam utilizar a biomassa lignocelulósica encontrada em resíduos agrícolas para obter produtos químicos, contou.


Em março de 2013, uma startup sediada na Alemanha anunciou o desenvolvimento de um bioprocesso para a produção de ácido láctico – utilizado como acidulante e regulador de pH, por exemplo – a partir de miscanto, uma gramínea comum em regiões de clima subtropical na Ásia e na África. E em julho de 2013 a indústria química alemã Evonik iniciou a operação de uma planta-piloto no país europeu para a produção de um ácido aminoláurico em base biológica que substitui o laurel-lactama – produto à base de petróleo – na fabricação de plásticos de alta performance e produz um composto idêntico à resina termoplástica poliamida 12. “No longo prazo, esse novo produto também tem potencial para complementar a produção de poliamida 12 à base de butadieno (composto químico usado na produção de borracha sintética)”, indicou Kircher.


Do lado do Brasil, o especialista alemão destacou o acordo assinado pela fabricante sueca de embalagens Tetra Pak com a empresa petroquímica brasileira Braskem para fabricar suas embalagens no Brasil à base de polietileno de baixa densidade (LDPE). Durante o projeto-piloto, a empresa pretende produzir aproximadamente 13 bilhões de toneladas de embalagens com 82% do material, fabricado por meio da conversão do etileno da cana-de-açúcar com polietileno de baixa densidade.


“A biotecnologia industrial não representa uma oportunidade de negócio apenas para a Alemanha”, avaliou Kircher. “Ela representa uma tendência mundial e exige uma abordagem global, para aproveitar as diferentes potencialidades dos países.” Segundo Kircher, algumas das áreas de interesse comum que podem ser mais exploradas pelo Brasil e Alemanha em projetos colaborativos de pesquisa em biotecnologia são a farmacêutica, a cosmética, de embalagem e energia, entre outras.

Divulgação Evonik
Divulgação Evonik