Brasil deve investir em ciência básica


Coordenador-geral da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), o matemático Claudio Landim acredita que atividades que estimulam a competição colaboram para a melhoria da educação. Para ele, os mais de 18 milhões de estudantes inscritos representam esse desejo de mudança no ensino.


“O número de participantes indica que municípios e estados querem melhorar a qualidade do ensino. Há um consenso de que o País só vai progredir se houver uma melhora na educação. Portanto, há várias iniciativas em busca desse objetivo, e a Olimpíada, em sua décima edição, é uma delas.”


A realização, em 2018, do Congresso Internacional de Matemática no Rio de Janeiro também é positiva, segundo o professor, por estimular outros jovens a seguir carreiras de matemático ou de cientista.  Será a primeira vez na história que um País do hemisfério sul sediará o congresso.


Landim acredita ainda que a conquista da medalha Fields de Matemática pelo brasileiro Artur Ávila, neste ano, colabora para o desenvolvimento da ciência básica. Para o professor, um dos aspectos importantes da conquista da medalha é evidenciar que no Brasil também se faz ciência de qualidade. “Na Matemática, é possível competir com os melhores centros internacionais, já que não é necessário um grande investimento para alcançar bons resultados. Para exercer suas atividades, um matemático precisa apenas de uma boa biblioteca e boas condições de trabalho. Não é o caso de biólogos, químicos ou físicos, que dependem de instrumentos ou de experiências muito caras”, explica Landim.


“Uma medalha similar não foi conseguida em outras áreas não porque não haja cientistas criativos ou dedicados, mas simplesmente porque é muito difícil competir com laboratórios dos Estados Unidos ou da Europa. Lá, a quantidade de verbas dedicada à pesquisa básica é muito maior do que no Brasil.”, argumenta ele.


Graças a conquistas como a de Artur Ávila, a ciência básica também deve receber mais atenção do poder público. “Uma das carências brasileiras é a falta de inovação tecnológica e a falta de competitividade das empresas. Não há inovação tecnológica sem ciência básica. Portanto, espero que isso também leve a uma reflexão do Estado sobre o papel da pesquisa na inovação tecnológica”, completa Landim.


Ao falar sobre o Diálogo Brasil-Alemanha, o professor reforçou a importância do intercâmbio internacional. “Hoje a ciência é feita por meio de colaborações. É muito importante estabelecer vínculos com outros países que produzem ciência de qualidade, como é o caso da Alemanha. Qualquer país que queira desenvolver pesquisa básica tem que ter fortes vínculos e colaborações internacionais.”


Claudio Landim é doutor em Matemática pela Université Paris Diderot e pós-doutor pelo Courant Institute, da New York University. Também é pesquisador titular e diretor adjunto do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA). Como coordenador geral da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) já foi agraciado com o prêmio de Matemática da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS).


Centro Alemão de Ciência e Inovação – São Paulo

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