Alunos do Colégio Humboldt gravam audiolivro para Biblioteca Braile do CCSP

Com objetivo de dar suporte à educação literária do Centro Cultural São Paulo (CCSP) e incentivar a leitura entre deficientes visuais, alunos do Colégio Humboldt – instituição bilíngue e multicultural (português/alemão), localizada em Interlagos (SP) – produziram um audiolivro do título “Basta de cidadania obscena!” (Editora Papirus), de Mário Sérgio Cortella e Marcelo Tas. O projeto foi desenvolvido pela professora de Língua Portuguesa, Daniella Barbosa Buttler, em conjunto com estudantes do Humboldt Formação Profissional Dual do Colégio – considerado o maior instituto de ensino profissionalizante no sistema dual alemão existente fora da Alemanha, que oferece cursos técnicos de Administração e Logística e curso tecnólogo (Ensino Superior) em Processos Gerenciais.

Segundo a educadora, a ideia de fazer um audiolivro surgiu a partir da redação do ENEM de 2017, cujo tema foi os desafios para formação educacional de surdos. Com base neste assunto, Daniella passou a trabalhar a inclusão de pessoas com deficiência em sala de aula e também no mercado de trabalho. “Pedi aos alunos que mencionassem se tinham colegas com alguma necessidade especial nas empresas onde estagiam”, relata. Deste modo, incentivou os alunos a produzirem um projeto que ajudasse nesse processo de integração.

“No Brasil, o sistema de inclusão é muito lento e me surpreendi quando apareceu este tema no ENEM. Então, organizei palestras com convidados que falaram sobre integração de pessoas com deficiência nas empresas”, explica a professora. “Depois disso, em um módulo, falamos sobre inclusão, sobre as leis. Para isso, pedi apoio à docente de Direito do Curso Dual, professora Maria Cristina Fagundes de Almeida, que trouxe em suas aulas essa temática com o conteúdo sobre o amparo legal ao deficiente no ambiente corporativo. E no meio dessa vibração, pensamos em como colocar esse tema em prática. Entramos em contato com a biblioteca Braile do Centro Cultural São Paulo e perguntamos o que eles gostariam de ler e que ainda não está em braile. Eles nos deram uma lista de livros e escolhemos um com a maior aderência ao nosso curso”, afirma.

Após lerem a obra e discutirem em sala de aula, os estudantes partiram para a gravação do livro no estúdio do Teatro Humboldt. Apesar de parecer simples, a professora destaca a necessidade de alinhar a questão de direitos autorais com a Editora. “Antes de gravar, tivemos a preocupação de entrar em contato com os editores e eles tinham toda uma burocracia sobre direitos autorais. Nós assinamos contrato e os alunos também tiveram que assinar um contrato de cessão de voz. Além disso, a Biblioteca Braile precisa assinar um termo de recebimento deste audiolivro para garantir que ele não se torne um material pirata”, ressalta Daniella.

Para tornar o projeto em realidade, Michelle Gonçalves, aluna da turma de Processos Gerenciais do ensino Dual (Ensino Superior – curso tecnólogo), conta que os estudantes participaram de todos os processos, desde o contato com a editora, até a edição e o envio para aprovação. “Eu senti, enquanto a estávamos gravando, que as pessoas estavam lá dando o máximo para ter um resultado legal, eles estavam realmente empenhados em fazer um projeto bom para de fato incluir as pessoas com deficiência”, conta Michelle.

Já o estudante Fernando Lobo Ballester, da turma de Logística, destaca a importância da atividade como um impacto social. “O projeto é muito interessante, porque como ele tem um cunho social, possibilitou darmos um retorno positivo para a sociedade. Os deficientes visuais têm uma carência de recursos para o ensino e foi muito bacana, porque pudemos contribuir de alguma forma para a educação dessas pessoas”, finaliza.

Foto: Divulgação Humboldt