EY divulga estudo global sobre setor automotivo

driver CC Pixabay UnsplashCom a demanda evidente do novo ecossistema de mobilidade e de seus desafios para um futuro próximo, a Ernst & Young (EY) apresenta a pesquisa Remodeling for mobility, que traça um panorama sobre as barreiras que os players do setor estão encontrando em um mercado cada vez mais integrado e compartilhado.

Dadas as previsões para o futuro da Mobilidade Urbana nas grandes cidades, há potencial para novas ideias e soluções para as montadoras. Porém, é necessário que estas deixem o status quo de lado e apostem em inovação para se aproximar de seus clientes e se adaptar ao novo momento do mercado.

“É necessário que essas grandes empresas não tenham receio de fazer diferente e fiquem cientes de que elas só terão êxito se enfrentarem seus antigos modos de operar, superando as restrições e repensando seu modelo de negócios”, afirma Rene Martinez, sócio de Consultoria e líder da Indústria Automotiva da EY.

Segundo o estudo, os carros deixarão de ser o ponto focal da Mobilidade, tornando-se apenas mais um elemento de uma plataforma muito maior de experiências adaptadas às várias necessidades dos consumidores.

A perspectiva de um ecossistema integrado e colaborativo enfatiza o intercâmbio aberto de dados entre as partes interessadas para criar benefícios compartilhados, o que força as montadoras a assumir um papel igualitário, uma vez que o poder muda para a mão dos compradores.

“Há pouco tempo, uma das metas dos jovens era ter o carro próprio. Hoje, com as inúmeras ferramentas de compartilhamento, colaboração e o alto valor de manutenção de um automóvel, esse objetivo deixou de ser primordial. Estamos diante de uma geração que opta por vivenciar em rede com eficiência ao invés de se importar com a propriedade, diz Martinez.

A partir desse levantamento, a EY identificou cinco desafios que os fabricantes devem superar. A conversão desses problemas em oportunidades exigirá que mudem seus pensamentos sobre seus clientes, parceiros de negócios, funcionários e especialmente eles próprios.

– Inovação: Apesar de o mercado automobilístico ter uma história de aperfeiçoamentos e de os veículos de hoje serem muito mais avançados do que no passado, a criação de um novo modelo de negócios, que enfatize uma maior diversidade de pensamentos, design e que abranja o risco e o fracasso é primordial. Segundo os dados, poucas companhias têm uma abordagem sólida para desenvolver e avaliar novas ideias. Portanto, apesar de as montadoras empregarem graus variados de experimentação em seus projetos, poucas estão engajadas em maneiras verdadeiramente inovadoras para revolucionar o seu próprio negócio.

– Conectividade: As montadoras precisam ver os consumidores como indivíduos para quem as experiências, produtos e serviços devem ser personalizados. Este tema é especialmente crítico, principalmente com as novas gerações, que se acostumaram com serviços móveis e sob demanda. O grande problema é que esses players não têm nenhum tipo de relacionamento contínuo com os consumidores. Após uma única transação, as interações com os clientes são infrequentes e impessoais e, em muitos casos, gerenciadas por uma concessionária terceirizada. Como as escolhas dos consumidores está cada vez mais baseada nas suas experiências, a conectividade entre as empresas e seus clientes será a chave para o sucesso. Por isso, é prudente que as montadoras melhorem drasticamente a capacidade de interação e de oferecer serviços on demand.

– Colaboração externa: As montadoras estabeleceram por anos uma relação muito rígida com o mercado e seus parceiros, porém, a nova indústria de Mobilidade requer um trabalho de colaboração mais amplo, envolvendo todos os parceiros do ecossistema. Apesar de terem motivações e objetivos diferentes, todas as engrenagens devem compartilhar experiências e informações, a fim de oferecer um serviço focado e personalizado.

– Novos talentos: A indústria automotiva sempre buscou os melhores engenheiros automobilísticos e mecânicos do mercado, porém, nunca apostou em inteligência artificial ou cientistas de dados. As construções organizacionais tradicionais e os modelos de compensação e incentivos impedem as empresas de atrair e reter o talento necessário para inovar e sustentar um negócio disruptivo. Uma pesquisa com jovens profissionais de empresas de tecnologia e startups apontou que esses especialistas não enxergam o mercado automotivo como inovador. Isso mostra que o grande desafio do segmento é propor novos modelos de trabalho para desenvolver e reter talentos em sua força de trabalho.

– Modelos operacionais desatualizados: As grandes companhias preferem alavancar seus antigos sistemas operacionais ao invés de investir em novas formas de executar essas ações. No entanto, vários desafios relacionados à inovação, parcerias, retenção de talentos e serviços de back-office surgem da excessiva dependência do modelo operacional básico. Por isso, ao passo que as montadoras criam novas unidades de negócios para competir na nova indústria, devem também projetar sistemas condizentes a essas unidades.

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