O papel dos emergentes em um mundo multipolar

Um projeto da Sociedade Alfred Herrhausen, fórum internacional do banco alemão Deutsche Bank, em parceria com o Instituto Policy Network reúne líderes e especialistas do mundo todo para discutir as perspectivas e desafios da nova ordem mundial, marcada pelo multipolarismo. A proposta da iniciativa, batizada de “Foresight”, é examinar o que os países podem aprender uns com os outros e criar estratégias para um “futuro comum” em uma era em que o poder é medido pelo crescimento econômico.


Após passar por Washington, Moscou e Nova Delhi, o debate finalmente chegou ao Brasil. Nesta quinta-feira (17), o “Foresight Brazil” reuniu personalidades políticas e especialistas em economia e relações internacionais de várias nacionalidades, como o alto-representante geral do Mercosul, Samuel Pinheiro Guimarães e o ex Economista-Chefe do Governo Indiano, Deepak Nayyar, para debater o papel dos países do BRIC, em especial do Brasil, nesse novo contexto. A conferência, que aconteceu na cidade de São Paulo, foi a primeira da América Latina e contou com a parceria do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e da Universidade de São Paulo (USP).


Em seu discurso de abertura, Josef Ackermann, CEO do Deutsche Bank, afirmou que o poder está se transferindo dos países industrializados para os emergentes e destacou que o Brasil tem desempenhado um papel cada vez mais importante na economia mundial. O executivo acredita, no entanto, que a Europa e os outros países desenvolvidos não devem ser esquecidos, porque eles têm muito a contribuir com as nações em desenvolvimento.


A mesma visão é compartilhada pelo ex-Ministro de Estado Britânico e atual presidente do Instituto Policy Network, Peter Mandelson. Para ele, a experiência comercial, a democracia consolidada, o sistema financeiro e econômico estruturado e eficiente e o conhecimento tecnológico dos países europeus devem ser aliados ao potencial das nações em desenvolvimento para que eles possam crescer juntos. “Precisamos de mais integração para ter sucesso nos mercados globais”, enfatiza. “Estamos entrando em uma era totalmente diferente, muito complexa, mas cheia de oportunidades. É o momento de decidir onde queremos chegar e como faremos isso”, completou.


Brasil


Para os especialistas, o Brasil tem enorme potencial, mas precisa saber explorá-lo. O maior desafio, segundo Guimarães, é incorporar um sistema produtivo moderno em um país no qual boa parte da população, a exemplo dos 60 milhões de brasileiros que recebem o bolsa-família, não tem acesso aos bens materiais e, portanto, não participam ativamente da economia.


O problema da educação foi citado como o maior limitador da economia nacional. De acordo com Mandelson, o Brasil precisa de mais pessoas qualificadas para explorar os potenciais do País e promover um crescimento econômico sustentável.

Carlo Ferreri
Carlo Ferreri