KPMG alerta para excesso na produção de carros

O excesso na produção não é mais um problema enfrentado apenas pelas montadoras de mercados automotivos maduros. Indústrias presentes em mercados de alto crescimento, como os países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia e China, além da recentemente agregada África do Sul), precisam se preparar para gerenciar o excesso de produção, apesar do crescimento da demanda por veículos nos últimos anos, aponta uma análise feita pela KPMG International.

De acordo com o estudo Global Automotive Executive Survey 2012, publicado em janeiro deste ano, o Brasil é o que está mais bem preparado para balancear uma oferta flexível e baixos custos fixos entre os BRICS.

A análise da KPMG revela que as projeções do mercado brasileiro indicam um cenário bem equilibrado: além do aumento da capacidade de produção para mais de um milhão de veículos até 2016, o nível de aproveitamento dessa produção é projetado para ser superior a 90%.

Charles Krieck, sócio-líder de Industrial Markets da KPMG no Brasil, atribui as expectativas positivas ao vasto histórico do País como um mercado muito instável. “As montadoras brasileiras estão acostumadas a lidar com os fortes altos e baixos da economia, enquanto as montadoras da China ou Índia conhecem somente os altos da economia”, avalia.

China – Excesso de produção

A China, entretanto, já apresenta o maior excesso de produção entre os BRICS. Até 2016, as montadoras chinesas atingirão uma produção ainda maior do que a atual e, apesar das previsões de crescimento, é muito provável que a oferta não seja inteiramente consumida em decorrência de uma demanda insuficiente.

Segundo a KPMG, dados indicam que, nos próximos cinco anos, cerca de 30% da capacidade de produção chinesa provavelmente não será aproveitada.

Diante desse cenário, as montadoras devem considerar os riscos e tentar evitar gargalos na produção, a fim de defender suas posições competitivas e de mercado neste segmento estrategicamente importante, afirma Mathieu Meyer, diretor global da Prática Automotiva da KPMG.

Para assegurar que o aumento na produção não resulte somente em despesas, mas também em lucro e crescimento, as montadoras chinesas deverão intensificar seus esforços de exportação. Com isso, países exportadores, como a Alemanha e o Japão, poderão ser impactados. 

De acordo com o estudo, até agora, esses países venderam com sucesso fora de seus mercados internos uma quantia significativa de sua produção interna de veículos. Entretanto, o alto nível de capitalização dos países exportadores não pode ser mantido em razão da crescente capacidade de produção dos mercados emergentes. 

SXC
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