Indústria de máquinas sofre com importações


O faturamento bruto do setor de bens de capital mecânico no Brasil no acumulado de janeiro a outubro deste ano totalizou R$ 66,5 bilhões, uma queda de 2,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (28) pela Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos).

O faturamento apenas no mercado interno caiu 12% em relação ao ano passado, enquanto que o faturamento das exportações aumentou 29% (em reais). Segundo o presidente da entidade, Luiz Aubert Neto, isso se deve à desvalorização do real frente ao dólar, ocorrida nos últimos meses: “Tivemos esse aumento de 29% no faturamento das exportações somente em função do câmbio, e se o real não tivesse se desvalorizado, nossa queda no mercado interno teria sido muito maior que os 12%”, afirmou em coletiva de imprensa, realizada em São Paulo.



Aubert Neto chamou atenção, também, para o NUCI, Nível de Utilização da Capacidade Instalada da indústria brasileira, que ficou em 75% de janeiro a outubro deste ano, contra 81,4% no ano passado. “O NUCI é o menor dos últimos 40 anos, o que mostra que nossas máquinas estão paradas, e que estamos importando”, ressaltou. O número de pedidos em carteira também caiu, ficando 11,3% menor do que entre janeiro a outubro de 2011.



O consumo aparente (consumo total de máquinas e equipamentos no mercado nacional), fechou o acumulado de 2012 em R$ 94,3 bilhões, resultado 1,9% superior ao mesmo período do ano anterior. Os importados representaram 61,1% deste valor, seguidos das vendas internas das empresas locais, que foram 23,6%, e dos produtos importados incorporados à produção de bens de capital, que somaram 15,3%, o que evidencia, de acordo com a Abimaq, a forte participação dos produtos importados no mercado doméstico.



De janeiro a outubro, as importações fecharam em US$ 25 bilhões (+ 3,2% em relação ao ano passado), sendo que os setores em que houve crescimento das compras do exterior sobre 2011 foram máquinas para a indústria de transformação, infra-estrutura e indústria de base, máquinas para logística e construção civil e máquinas para agricultura. As principais origens das importações foram os Estados Unidos (de onde viram 24,6% das máquinas importadas), China (15,5%) e Alemanha (12%). É interessante notar que, até 2009, a Alemanha era o 2º país de origem das importações brasileiras, sendo suplantada pela China a partir de 2010.



As exportações da indústria brasileira de bens de capital mecânico ficaram em US$ 10,8 bilhões de janeiro a outubro, o que representa, em dólares, 11,2% mais que no ano passado (29% mais em reais). Os setores que tiveram os aumentos mais expressivos das exportações foram máquinas para a indústria de transformação, infra-estrutura e indústria de base e máquinas para logística e construção civil. O principal mercado para as máquinas brasileiras continua sendo a América Latina, com 40,6% de participação no total das exportações, seguida da Europa, com 20,9% e dos Estados Unidos, com 20,3%. As vendas para esses dois últimos mercados tiveram um crescimento expressivo na comparação com janeiro-outubro do ano passado, de 20% e 25%, respectivamente.



O déficit da balança comercial do setor de janeiro a outubro de 2012 foi de US$ 14,4 bilhões, 2,1% inferior ao resultado observado no mesmo período de 2011.

CCommons/flickr/markyweiss
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