Indústria de máquinas e equipamentos mostra sinais de recuperação

Mesmo com a queda de 23,6% no faturamento do setor nacional de máquinas e equipamentos no primeiro semestre de 2009 ante 2008, empresários do setor prevêem uma melhora significativa tanto nas vendas quanto nas exportações. Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), há três previsões consideráveis para o fechamento do ano. Em um cenário otimista, a queda deverá ser de 14% no faturamento do setor em relação ao ano passado. Esta previsão se baseia num provável impacto positivo das medidas de incentivo adotadas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desde 27 de julho deste ano, que fixam juros de 4,5% ao ano para financiamento de máquinas e equipamento novos, com prazo de até 120 meses para pagamento.


 


Num cenário pessimista, a taxa de crescimento do segundo semestre em relação ao semestre anterior será mantida como nos últimos cinco anos, em 11%, e 2009 fechará em queda de 23,5% em relação a 2008. Se forem consideradas possibilidades mais realistas, todavia, a taxa média de crescimento mensal dos primeiros meses de 2009, de 5,5%, será mantida e a queda do faturamento anual ficará em 18,5%. Essas tendências já estão sendo feitas diante de um quadro de reaquecimento do setor, que chegou à situação mais crítica no primeiro trimestre de 2009, quando houve queda de 33% no faturamento.


 


De acordo com Luiz Aubert Neto, Presidente da Abimaq, a dificuldade de recuperação está relacionada à alta nas importações, decorrente do câmbio baixo. Para ele, um valor ideal estaria entre R$ 2,30 e R$ 2,60. “Abaixo disso, o Brasil está condenado a ser um país extremamente pobre. Estamos passando por um processo crítico e pesado de desindustrialização no nosso setor, com uma substituição dos fabricantes nacionais”, lamenta. O apoio governamental reduzido é fator apontado pelos empresários como desestimulador do desenvolvimento das exportações.


 


A Albrecht Equipamentos Industriais, empresa do setor têxtil especializada na produção de máquinas para preparação e acabamento, também sentiu fortemente os efeitos da crise. Seu Presidente, Waldir Albrecht, considera que a política cambial, os custos de crédito para exportação e a carga tributária elevada são elementos que dificultam a competitividade dos produtos brasileiros. “As indústrias estão sendo subvencionadas na Europa, nós não, o que torna os concorrentes mais competitivos. Estimo três anos para recuperarmos os níveis pré-crise”, calcula. Waldir Albrecth, entretanto, faz ressalvas ao programa do BNDES.


 


Embora o primeiro semestre tenha sido ruim para a Albrecht, com uma queda de 50% em suas vendas, o empresário acredita que este semestre será um “tumulto total” nas empresas de bens de capital. “A medida do governo é ótima, mas o prazo de duração é curto, o que faz com que não consigamos atender a atividade imediata do mercado. O ciclo produtivo dos bens de capital é longo, o que provavelmente fará com que a demanda esteja além da nossa capacidade instalada”, considera. Alemanha – A maior redução do faturamento foi verificada no segmento de máquinas para madeira (70,2%), conseqüência do crescimento de 98% nas importações destes bens.


 


Somente a Alemanha é responsável por 57% das vendas de máquinas para madeira ao Brasil. No primeiro semestre de 2008, foram importados US$ 18 milhões e, de janeiro a junho de 2009, esse valor saltou para US$ 72 milhões. No setor, a Alemanha é o segundo maior exportador para o Brasil, perdendo apenas para os EUA. Já no ranking dos principias destinos das máquinas e equipamentos brasileiros, os alemães estão em sexto lugar, tendo apresentado queda de 30,9% de demanda no último semestre. Balança Comercial – As exportações brasileiras caíram 29,2% em relação ao primeiro semestre do ano anterior, mas subiram 17,8% em junho se comparadas a maio de 2009, alcançando os níveis de 2006.


 


Já a queda nas importações foi bem inferior: apenas 7,1% em relação ao primeiro semestre de 2008. No total, o saldo da balança comercial de janeiro a junho de 2009 foi 18,6% mais deficitário do que o mesmo período de 2009. Para Luiz Aubert Neto, Presidente da Abimaq, além do câmbio desfavorável, os juros elevados e a grande carga tributária prejudicam os empresários nacionais. A fabricante paranaense de descascadores para madeira, a MASI Máquinas e Implementos, sofreu redução de 48% em seu faturamento nos primeiros seis meses deste ano ante 2008.


 


Segundo Alceu Macedo da Silva Neto, Diretor comercial da MASI, seus clientes estavam com 80% de seu mercado focado nos EUA, e 20% distribuído entre a Europa e outros países, o que os deixou muito vulneráveis diante da crise. “O mercado de exportação deve demorar a melhorar, pois dependemos da reação dos norte-americanos, que deve ocorrer no primeiro semestre de 2010”, analisa.

Divulgação/Abimaq
Divulgação/Abimaq