Feiras: alemães buscam parcerias no Brasil

Onze empresas alemãs do segmento de feiras e eventos participam pelo 2º ano consecutivo da ExpoSystems, feira voltada à indústria de promoção comercial, que acontece em São Paulo até esta quinta-feira (6). Ocupando 150m², o Pavilhão Alemão é organizado pelo Ministério Federal de Economia e Tecnologia da Alemanha e pela Famab (entidade profissional de classe da área de eventos, composta por 250 empresas associadas), e apoiada pela Auma (Associação da Indústria Alemã de Feiras de Negócios).

A Alemanha é o principal país promotor de feiras na Europa, e possui quatro dos dez maiores centros de eventos do mundo, com uma capacidade total de 2,7 milhões de metros quadrados. Dados da Famab dão conta de que, em 2012, o país foi anfitrião de 161 eventos nacionais e internacionais, com 180 mil expositores e 10 milhões de visitantes.

Em entrevista ao Brasil Alemanha News, a diretora da Famab e porta-voz do Pavilhão Alemão da ExpoSystems, Uta Goretzky, disse que o Brasil vem se tornando um mercado importante para as empresas germânicas. “Temos muitas montadoras alemãs produzindo carros no Brasil, além de indústrias de outros setores vindo ao País. Nós percebemos que as feiras no Brasil são bastante semelhantes às alemãs, a maneira como as exposições funcionam é basicamente a mesma, e, dessa forma, é um mercado interessante para as empresas alemãs encontrarem parceiros. Afinal de contas, tanto as companhias alemãs vão ao Brasil para participar de exposições quanto as brasileiras vão à Alemanha fazer o mesmo, e elas sempre precisam de uma empresa parceira que faça a sua apresentação, que a ajude com convites, trabalho de relações públicas, etc.”, afirmou.

De acordo com ela, cada uma das onze empresas presentes à ExpoSystems tem seus objetivos específicos, mas destaca a busca por parceiros locais, por expositores brasileiros que queiram ir à Alemanha e por eventos em torno da Copa do Mundo e das Olimpíadas.

Eventos esportivos

“Tenho certeza de que as grandes marcas automobilísticas e outras grandes empresas alemãs terão pavilhões próximos aos locais dos jogos, como tiveram em Londres [nas Olimpíadas desse ano], onde elas vão se apresentar, mostrar seus produtos, farão todo tipo de comunicação direta com o público. As empresas alemãs do setor de feiras e eventos vão ajudar essas companhias a se apresentarem no Brasil durante os eventos esportivos, e o farão com parcerias locais”, ressaltou Goretzky.

Por outro lado, ela não acredita que as grandes empresas promotoras de feiras do seu país, que estão exportando eventos alemães como a Automechanica ou a Cebit para o Brasil, farão eventos especificamente nos períodos dos jogos, embora, no restante do tempo, a expansão dessas feiras alemãs para os mercados emergentes seja uma tendência.

“É uma tendência porque esses são os novos mercados, e as empresas alemãs têm que ir até os seus clientes. No final das contas, nem todo mundo quer viajar até a Alemanha para encontrar aqueles que querem lhe vender alguma coisa. Temos uma situação especial: geralmente, você vai aos mercados onde os clientes estão, você procura pelos consumidores, e, na Alemanha, no setor de feiras, nós temos a situação de que as pessoas vão até os vendedores – mas isso vai mudar assim que o Brasil tiver os meios para que essas feiras aconteçam aqui. Nós vemos o mesmo com a Ásia: todo mundo que quer vender algo para a China tem que ir à China, o mesmo acontece com Singapura, Hong Kong, etc.”.

Pavilhão Alemão

Dentre os expositores alemães na ExpoSystems estão a bluepool (especializada em planejamento, gerenciamento de projetos e montagem de estandes), a NürnbergMesse (uma das dez maiores promotoras de feiras na Europa), a RaumSystem (design, planejamento, construção de estandes e logística) e a Iramaia GmbH (consultoria para participação em feiras e eventos). Esta última é um caso especial: foi fundada em 1989, em Düsseldorf, por Iaramaia Kotschedoff, uma baiana que vive na Alemanha há 32 anos.

“Abri a empresa por necessidade do mercado brasileiro, pela demanda por uma assessoria personalizada aos brasileiros que iam às feiras alemãs. Na década de 80, a ‘infraestrutura’ era completamente diferente, não tinha fax, não tinha cartão de crédito, fazer remessas de dinheiro era algo complicado, os brasileiros mal falavam inglês, muitos viajavam sem um seguro de saúde. Então, a assessoria era realmente para ajudar o brasileiro em todos os aspectos em que ele tivesse dificuldade [na Alemanha]”, contou Iramaia ao Brasil Alemanha News.

Hoje, a Iramaia GmbH atende tanto visitantes quanto empresas brasileiras que vão expor nas feiras alemãs, e está começando a divulgar algumas feiras brasileiras na Alemanha, como a ExpoSystems, da qual é representante na Europa.

E o que a empresa encabeçada por uma brasileira leva ao mercado de feiras e eventos alemão? “Acima de tudo, a flexibilidade. Na nossa empresa, a gente não fala um ‘não’ de repente. Primeiro, falamos que nós não temos dificuldades, nós temos desafios. E a emoção e o engajamento que temos para que tudo dê certo, isso é muito bem apreciado na Alemanha”, afirmou Iramaia.