Falta de profissionais acirra disputa por talentos

A reclamação das empresas em relação à escassez de mão de obra qualificada no mercado brasileiro cresce no mesmo ritmo da economia. Uma pesquisa recente realizada pela consultoria internacional de recursos humanos Manpower indica que quase dois terços dos empregadores brasileiros enfrentam dificuldades para encontrar profissionais adequados para os cargos disponíveis.


O difícil, explica o gerente de RH da Hamburg Süd, Marco Antônio Gomes, não é somente encontrar trabalhadores com a formação adequada, mas que tenham o perfil e a experiência desejados.


E, quando eles aparecem, é preciso mantê-los no quadro de funcionários, a despeito da grande rotatividade entre as companhias. “O desafio maior atualmente é reter os profissionais”, afirma. A empresa do segmento de logística e transporte aposta no desenvolvimento interno de estagiários, já que o setor carece de profissionais com boa formação e experiência.


Rotatividade


A mobilidade é tanta que 62,82% dos trabalhadores sem carteira assinada mudaram de empresa em um período de apenas 12 meses, segundo dados do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getulio Vargas (FGV). O gerente de RH da Lanxess, Ludovico Martin, concorda que as expectativas positivas de desenvolvimento dos negócios têm criado uma maior concorrência pelos talentos.


Para a multinacional alemã do setor químico, o programa de trainees é um dos meios encontrados para desenvolver os profissionais que irão preencher as vagas internas. A companhia necessita principalmente de engenheiros em diversas especialidades e pessoas com fluência em inglês.


Segundo Martin, embora não considere que haverá um “apagão” de mão de obra no setor, a empresa está ciente de que “o mercado de trabalho vai demandar maiores esforços para atrair, motivar e reter talentos”.


Automotivo


O setor automotivo é um dos mais beneficiados pelo bom momento da economia, mas também enfrenta dificuldades para preencher as vagas geradas pelo aumento da produção. Até 2012, o segmento deverá ser responsável pela abertura de 59,7 mil postos de trabalho no Estado de São Paulo, aponta um levantamento feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).


O número representa um aumento de 23,5% no nível de emprego setorial. Se levada em consideração a mão de obra necessária para repor as vagas já existentes e que deverão ficar desocupadas no período por demissões e aposentadorias, o número de contratações deverá ficar ao redor de 102,8 mil.


A MAN Latin America, fabricante dos caminhões e ônibus Volkwagen, possui expectativas positivas para a ampliação do número de empregados. Somente nesse ano, com a abertura da nova linha de montagem do Grupo em Resende (RJ), foram criadas 1mil novas vagas na unidade, que emprega 6 mil trabalhadores.


Segundo o diretor de Recuros Humanos da MAN, Lineu Takayama, a localização no pólo industrial, onde estão concentradas indústrias que buscam mão de obra técnica especializada, somada ao crescimento econômico e ao aumento de produção, tornam mais restrita a busca por trabalhadores qualificados.


“As empresas têm que mudar suas estratégias de Recursos Humanos para atrair esses profissionais”, comenta. Takayama também acredita que o desenvolvimento interno de profissionais é uma alternativa à falta de profissionais no mercado. “Trabalhamos na busca incansável da qualificação como diferencial competitivo”.

Divulgação/Hamburg Süd
Divulgação/Hamburg Süd