Brasil segue com escassez de mão de obra

A Fundação Dom Cabral divulgou nesta terça-feira (14) a segunda edição da pesquisa Carência de Profissionais no Brasil. O estudo avalia os principais desafios das empresas na contratação de mão de obra especializada e compara a evolução dos gargalos existentes nessa área entre 2010, quando foi feita a 1ª edição do estudo, e 2013, edição atual. A pesquisa, conduzida pelo Núcleo CCR de Infraestrutura e Logística, consultou 167 empresas de diversos setores da economia, que representam 23% do PIB do país.

A primeira edição da pesquisa, de 2010, apontou que 92% das empresas enfrentavam dificuldades para contratar profissionais. A edição de 2013 revela que este quadro mantém-se praticamente inalterado: 91% das empresas continuam a ter dificuldades em preencher seus quadros. Em 2010, os profissionais mais difíceis de contratar eram técnicos (45%), engenheiros (34%) e gerentes de projetos (29%); na edição de 2013, compradores (72%), técnicos (66%) e administradores (65%) são os quadros mais escassos no mercado.

Em uma análise por área, a produção/chão de fábrica continua sendo a mais difícil de encontrar profissionais capacitados – 52% na edição de 2010 e 47,3% na de 2013. A nova pesquisa também revela que as funções técnica e operacional são as posições de qualificação mais precária, segundo 45,06% e 50,62% das empresas consultadas, respectivamente.

Para o professor Paulo Resende, Coordenador do Núcleo CCR de Infraestrutura e Logística e responsável pela pesquisa, a falta de mão de obra é crescente, uma vez que, em 2013, mais empresas citaram mais profissões de difícil contratação. “Em 2010, algumas profissões tinham destaque na dificuldade de contratação; no estudo deste ano, nota-se uma homogeneidade maior, ou seja, está mais difícil contratar uma gama maior de profissionais”, aponta.

Segundo a pesquisa de 2013, os motivos que mais dificultam a contratação de mão de obra são a escassez de profissionais capacitados (83,23%) – também no topo da edição de 2010 – e a deficiência na formação básica (58,08%). “Os profissionais chegam ao mercado com dificuldades básicas como fazer contas ou interpretar textos; este quadro gera outro problema para as companhias, que precisam investir cada vez mais em treinamento e capacitação dos seus funcionários, elevando seus custos e consequentemente reduzindo a sua competitividade”, destaca Resende. Metade das empresas consultadas afirma precisar treinar entre 41% e 80% dos funcionários recém contratados.

Para driblar a escassez de mão de obra, as empresas estão diminuindo as exigências na hora de contratar: 60% delas flexibilizam ao contratar profissionais de nível técnico, abrindo mão de experiência (51%) e habilidade (13%). Por outro lado, 54% das empresas não flexibilizam na hora de contratar cargos de nível superior. Para reter os profissionais, 93% das empresas oferecem benefícios, sendo os mais citados a assistência médica e odontológica (87%) e a previdência privada (61%).

Arquivo Agência Brasil
Arquivo Agência Brasil