As oportunidades para Indústria 4.0 no Brasil

 
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A velocidade com a qual a Indústria 4.0 está sendo implementada em determinados países permite estabelecer um contraponto com o cenário de inovação. Isto possibilita alcançar um grau disruptivo de digitalização na produção industrial. A inovação fará parte da estratégia de desenvolvimento e crescimento econômico, uma vez que a Quarta Revolução Industrial já é uma realidade, tanto pelos aspectos das novas tecnologias utilizadas, como pela necessidade em desenvolver novos modelos de negócios.

Quando se trata de inovação, o Brasil ainda tem muito trabalho pela frente. De acordo com o Global Innovation Index (GII), ranking que fornece métricas detalhadas sobre o desempenho da inovação de 126 países, que representam 90,8% da população mundial, o Brasil ocupa o 64º lugar. Esta posição não reflete necessariamente um baixo potencial ou falta de estrutura, mas, de acordo com Gianna Sagazio, superintendente nacional do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e diretora de Inovação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), falta um senso de urgência quando se trata de inovação no Brasil.

 “Inovação precisa estar no centro da nossa estratégia de desenvolvimento. Ela deve ser um dos pilares da nossa política econômica. O movimento que percebemos atualmente é de forte transformação digital internacionalmente e a base disso são investimentos consideráveis – públicos e privados – em inovação. O desempenho brasileiro ainda é muito abaixo do necessário. Precisamos avançar e rápido”, afirma Sagazio.

A Indústria 4.0, conceito alemão que engloba tecnologias para a viabilização de fábricas inteligentes, vem sendo apresentada à indústria brasileira. Algumas empresas já deram início à digitalização de seus processos, porém a transformação para uma “realidade 4.0” ainda é lenta. Contudo, é uma espera que vale a pena. Não foi por acaso que iniciativas para alavancar este tema no Brasil só aumentaram, como por exemplo, a Agenda Brasil 4.0, conjunto de medidas lançado pelo governo federal em março de 2018 para estimular a Indústria 4.0 no país. A implementação da Indústria 4.0 oferece potenciais enormes para a indústria brasileira, viabilizando o aumento da produtividade e da competividade em relação a outros países e colocando o Brasil em uma posição de destaque.

Buscando entender melhor como as empresas estão se preparando para essa nova realidade, a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha realizou uma pesquisa sobre o assunto durante seu VI Congresso Brasil-Alemanha de Inovação, que recebeu cerca de 750 pessoas, entre elas, tomadores de decisão de empresas e instituições brasileiras e alemãs. Dos participantes do evento que responderam à pesquisa, apenas 2,3% ainda não têm conhecimento sobre o tema. 25% dos participantes afirmaram possuir total conhecimento sobre Indústria 4.0, já lidando com o assunto no dia a dia.

A pesquisa ainda evidenciou que mais da metade das empresas respondentes já implementou soluções ou já dispõe de produtos e serviços baseados na Indústria 4.0, possuindo a otimização de recursos como seu maior interesse. Entretanto, analisar quais soluções são apropriadas para o respectivo negócio, tendo em vista aspectos como maturidade tecnológica e custo-benefício, tem se mostrado um dos maiores desafios. Mesmo apresentando resultados significativos, é necessário destacar que a pesquisa não reflete a realidade da indústria brasileira, dado que os participantes do evento e respondentes pertencem a segmentos voltados ao tema em questão. Apesar da pesquisa apresentar dados otimistas, a Indústria 4.0 ainda é um conceito desconhecido, principalmente entre pequenas empresas.

Com o intuito de apoiar essa transformação, a Câmara Brasil-Alemanha vem promovendo uma série de ações para disseminar o tema para seus associados e parceiros, incluindo cursos, delegações para a Alemanha e uma aliança com a Associação de Engenheiros Brasil-Alemanha (VDI-Brasil), o Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH São Paulo) e a Fraunhofer-Gesellschaft (Sociedade Fraunhofer).  

“A implementação da Indústria 4.0 requer um planejamento holístico que englobe não apenas tecnologia da informação, mas também treinamento de recursos humanos, cooperações sinergéticas com instituições de pesquisa, integração de startups e a elaboração de novos modelos de negócio. Ao somar as competências comprovadas da Câmara, DWIH, Fraunhofer e VDI-Brasil em cada uma destas áreas, a nova aliança Brasil-Alemanha para Indústria 4.0 poderá apoiar a transformação digital das empresas como um one-stop-shop”, afirma Johannes Klingberg, Diretor Executivo da VDI-Brasil.

Empresas alemãs estabelecidas no Brasil como BASF, Siemens, Bayer, Henkel e SAP também se juntaram ao propósito de atuar ativamente em prol deste avanço. Fazendo parte da MEI (Mobilização Empresarial pela Inovação) e de grupos como o Comitê de Inovação da Câmara Brasil-Alemanha, as empresas buscam unir forças e contribuir para novas políticas públicas a favor da inovação e para o desenvolvimento de novas atividades voltadas à promoção da inovação e da transformação digital.

“Com essas ações, a Câmara Brasil-Alemanha e suas empresas associadas esperam contribuir diretamente não só para o avanço da indústria brasileira atuando para reforçar o protagonismo das empresas alemãs na indústria 4.0, mas também para a criação de uma sociedade mais preparada para futuros desafios, tecnologias e oportunidades”, comenta Antonio Lacerda, Vice-Presidente Sênior de Químicos, Produtos de Performance e Sustentabilidade da BASF para a América do Sul e Líder do Comitê de Inovação. “A inovação é fundamental para atingirmos um futuro mais sustentável, uma vez que é por meio de novas ideias, pesquisas, desenvolvimento e melhorias em iniciativas já existentes que conseguimos elaborar novas soluções e processos mais sustentáveis”.