Conferência da Câmara Brasil-Alemanha informa que inovação é o futuro da mineração

Foto: AHK São Paulo / Paulo Márcio

O Brasil é considerado o 3º maior produtor de minérios do mundo. Desde os recentes acontecimentos nas cidades de Mariana e Brumadinho, os temas relacionados à mineração sustentável e à segurança de barragens de rejeito têm ocupado um espaço nas mídias.

Com o objetivo de criar uma plataforma rica sobre o futuro da mineração entre profissionais que atuam nesse segmento, a Câmara Brasil-Alemanha (AHK São Paulo) realizou uma programação robusta para a 4ª edição da Conferência Brasil-Alemanha de Mineração e Recursos Minerais.

“Como uma das únicas Câmaras certificadas pela ISO 14001, o acidente de Brumadinho nos fez colocar a questão das barragens de rejeito e os desafios de uma mineração sustentável para o Brasil no centro de nossa Conferência” apresentou Philipp Schiemer, Presidente da Câmara Brasil-Alemanha e da Mercedes-Benz do Brasil.

A tecnologia tem proporcionado um novo horizonte para a mineração. Daniel Alves Lima, Coordenador-Geral de Mineração da Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, complementou: “Acreditamos que a tecnologia será fundamental para evitar novos acidentes. Nosso Departamento de Tecnologia Mineral tem coordenado com agentes e instituições cientificas e tecnológicas novas iniciativas”.

Apenas o desenvolvimento de pesquisa contínua e o uso do nosso conhecimento fomentam relações sustentáveis. Os problemas ambientais não dependem somente de soluções políticas.

“Quando pensamos na digitalização, podemos olhar positivamente para o futuro, especialmente para a indústria de mineração no Brasil e seus fornecedores. Devemos ter a digitalização como aliada, desenvolver novos produtos e abrir novos mercados” pontuou Dr. Reinhold Festge, Sócio-Gerente da Haver & Boecker e Presidente da Iniciativa Econômica Alemã para a América Latina (LAI).

A indústria brasileira tem desenvolvido maquinário para processamento seco com o intuito de eliminar o uso de barragens. Além disso, na área jurídica é elaborada uma legislação mais rígida para o uso inapropriado dos rejeitos com o intuito de prevenir acidentes como o de Brumadinho.

Lima esclarece: “Já desenvolvemos um plano de fiscalização para aprimorar as vistorias de barragens e temos nos reunido rotineiramente com parlamentares locais para solucionar os problemas emergentes. Dentre as 423 barragens que possuímos, 139 já foram vistoriadas”.

Desde 2017, o governo brasileiro publicou uma série de atos visando à modernização e revitalização do setor mineral, como a criação da Agência Nacional de Mineração. Contudo, Eduardo Leão, Diretor da Agência Nacional de Mineração, observa: “A mineração brasileira possui muitos recursos, porém ainda precisamos investir muito no setor. Para 2019 queremos criar uma agenda regulatória, modernização das leis e regulamentações do setor – e melhores práticas em parceria com a OCDE”.

Desde 2014, a Vanádio de Maracás vem desenvolvendo três frentes de ações sociais: apoio às políticas públicas, qualificação profissional e cooperação para cultura, educação e esporte. “Acreditamos que a mineração pode promover a qualidade na vida das pessoas” compartilha Paulo Misk, President of Brazilian Operations da Vanádio Maracás.

Na China, 20% dos rejeitos possuem um reaproveitamento para obras de construção civil  Em 2015, a Vale apresentou 28 soluções para reaproveitamento de rejeitos, porém “observarmos a necessidade de um roadmap para esse projeto e, por isso, fizemos uma pesquisa de mercado e um benchmarking” acrescentou Rodrigo Dutra Amaral, Gerente Executivo de Licenciamento, Estudos Ambientais, Espeleologia, Saúde e Segurança da Vale.

Para que acidentes ambientais não se repitam é necessário um gerenciamento correto de riscos. José Dias Neto da Integratio esclarece: “Precisamos de uma base de dados com levantamentos estatísticos para realizar uma licença ambiental”.

No entanto, sobre o monitoramento de áreas de risco, Tobias Metzger, Head of Sales & Business Development da RWE Technology International, pontua que “É fundamental primeiro realizarmos a proteção dos nossos funcionários, pois sem os nossos funcionários nem as máquinas mais autônomas poderiam funcionar. Além disso, tivemos que investir em equipamentos que são caros, mas necessários”.

De olho nos projetos futuros

Na parceria Brasil-Alemanha novos projetos têm surgido: “A Alemanha deseja auxiliar o desenvolvimento econômico do Brasil e tem ampla experiência na recuperação ecológica de paisagens industriais” observou Klaus Zillikens, Cônsul Geral da Alemanha no Rio de Janeiro.

Esteves Colnago, Diretor-Presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), também compartilhou o desejo de viabilizar um acordo com a Agência Nacional de Petróleo e a Petrobras para otimizar uma produção do mineral mais tecnológica: “a inovação é nosso melhor caminho” afirmou ele.

Já Herwig Marbler, Geólogo da Agência Alemã de Recursos Minerais (DERA), apresentou seu projeto sobre “Cobalto: a situação do Mercado” e “Bio-beneficiamento de níquel laterítico”. Segundo o geólogo, as minas de cobalto são distribuídas ao redor do mundo principalmente nos países tropicais, como no Brasil em Goiás e Pará. No entanto, mais de 60% do mineral vem do Congo, um país sem estabilidade política e, por isso, há um grande interesse em desenvolvimento do mineral no Brasil.