Novo governo, novos desafios

Com um crescimento de quase 8% em 2010, a economia brasileira começou a acelerar num ritmo chinês. A robustez durante a crise e o rápido comeback são a recompensa da rígida política de estabilidade dos últimos quatro mandatos. Após ter sido aprovado neste “exame de maturidade”, o novo governo de Dilma Rousseff deve começar a tirar os calços de freio remanescentes que ameaçam puxar o crescimento dos próximos anos para patamares abaixo de 5%.


O déficit na infraestrutura e no ensino destacam-se. Sem oferta suficiente de mão-de-obra qualificada, até mesmo os setores em alta, como a construção civil, crescerão em 2011 apenas a metade dos níveis de 2010.


A taxa de câmbio adversa não é a única culpada pelo forte crescimento das importações. Fatores como a alta carga tributária, as elevadas taxas de juros, a burocracia medieval e a inovação tímida por parte das empresas também contribuem a uma baixa competitividade em nível internacional, constatada nos rankings do banco internacional Bird e confirmada até pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).


Estes desafios não serão solucionados da noite para o dia e demandarão um forte planejamento e execução, assim como um compromisso duradouro, sem exigir resultados de curto prazo.


Contudo, o governo Dilma Rousseff, perante as boas perspectivas para o Brasil na próxima década, provavelmente partirá para oito anos de Presidência, incitando-o a atacar também problemas estruturais. Com os holofotes todos voltados para o Brasil durante os megaeventos esportivos de 2014/16, o governo, ao invés de ser obrigado a desculpar-se por um caos aéreo, congestionamentos e improvisos, com certeza vai preferir apresentar ao mundo um País moderno e bem organizado.


O prazo apertado para os megaeventos é uma boa chance para enfrentar, além de fazer investimentos pontuais em estádios, também setores que garantem um retorno a longo prazo, tais como portos, rodovias, aeroportos e linhas ferroviárias. Até o momento, somente 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) é destinado à infraestrutura, enquanto a China tem investido dez vezes mais que isto, nos últimos anos.


Fator decisivo para o futuro econômico do País será se a Presidente Dilma conseguirá ou não ao mesmo tempo, integrar o setor privado aos projetos de infraestrutura, limitar o custo Brasil, manter a estabilidade e dar às faixas mais pobres da população não apenas uma esmola e um teto, mas sim uma perspectiva a longo prazo através de melhores oportunidades de ensino.

Divulgação / site oficial Dilma Rousseff
Divulgação / site oficial Dilma Rousseff