Para alemães, há boas oportunidades no setor de saúde


A indústria farmacêutica alemã, responsável por exportações anuais de US$ 1 bilhão, 10% do PIB da Alemanha, sempre viu o Brasil como um mercado de grande potencial. Exemplos não faltam:  a Bayer já completou 115 anos de atuação no País e o  Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, existe há quase 150 anos.  Mas a atração pelo mercado brasileiro é contínua. A  Otto Bock, líder no mercado de próteses e cadeiras de rodas, está baseada há quase 40 anos em Campinas (SP) e a Celesio,  atacadista do setor farmacêutico,   fechou uma  parceria  com a brasileira  Panpharma, que está próxima de completar dez anos.



Mesmo considerando o potencial do mercado, as discussões do workshop sobre “Investimentos na área de saúde”  durante o 29º Encontro Econômico Brasil-Alemanha mostraram que há muitos obstáculos a serem superados.  “O Brasil é um País de 200 milhões de vidas que precisam ser cuidadas, mas somente 40% delas estão seguradas”, declarou Theo van der Loo, Presidente da Bayer.  Ao mesmo tempo em que o País oferece uma medicina de 1º mundo, há pessoas que esperam horas nas filas do Sistema Único de Saúde (SUS) para serem atendidas, lembrou o executivo.



Genéricos x Inovação



O crescimento da presença de produtos genéricos e a multiplicação de empresas atuando nesse segmento alteraram o mercado nos últimos anos. Ao lado da pressão sobre a rentabilidade do setor, a perspectiva é que se chegue a um ponto de saturação.  A constante procura pela inovação, seja em medicamentos, seja em forma de tratamentos, deverá ser o caminho adotado pelas empresas. Nesse contexto, a realização de pesquisas pré-clínicas e clínicas não encontram no País uma estrutura adequada.  



A burocracia é excedente e há falta de sintonia entre as políticas que promovem o desenvolvimento de inovação e a saúde. Além disso, o governo controla o preço dos medicamente e os impostos são altos.  Não há como explicar porque no Brasil os produtos do setor farmacêutico são tributados em 35%, enquanto o setor veterinário é livre de impostos.



Mão de obra



A falta de mão de obra qualificada foi outro problema apontado pelos participantes. Para superá-lo, as empresas procuram alternativas próprias. O Hospital Oswaldo Cruz, além de oferecer treinamento para o seu pessoal técnico e cursos de atualização para os médicos, também pensa em estruturar um MBA na área de gestão de saúde.



 A Otto Bock envia para a Alemanha funcionários com potencial. “O Brasil tem pessoas muito capacitadas, mas também há uma grande rotatividade”, lembrou o presidente da Bayer do Brasil, Theo van der Loo, mencionando outro desafio no setor.

SXC
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