Lanxess foca no Brasil e demais BRICs

Otimista por natureza. Assim se define Marcelo Lacerda, Presidente da Lanxess no Brasil, ao comentar sobre a situação macroeconômica do País para 2010. “Não vai ser um ano tranquilo, mas positivo”. Em março deste ano, a Lanxess vai inaugurar a usina de co-geração de energia movida a bagaço de cana, em Porto Feliz, resultante de um aporte de R$ 18,5 milhões.


A consolidação da aquisição da Petroflex – que passou a se chamar Lanxess Elastômeros – também faz parte dos planos para 2010. “Somos investidores transnacionais e procuramos investir em países onde esse crescimento está acontecendo”, destaca. Lacerda falou com exclusividade para o portal BRASIL ALEMANHA NEWS sobre a economia brasileira, o setor químico e as estratégias empresariais e de governança e, ainda, investimentos nos BRICs. Confira os principais trechos a seguir.


BAN: Quais as perspectivas para 2010?


Marcelo Lacerda: Eu sou uma pessoa otimista por natureza e estou, obviamente, otimista para 2010. Eu acho que a demanda por produtos químicos e a utilização da capacidade das plantas melhorou muito comparativamente com o ano passado, em 2009. Nós estamos no começo do ano, mas tudo indica que isso vá se manter, especificamente aqui no Brasil, onde a demanda está bem aquecida e a reposição de estoques também está contribuindo para aumentar os volumes negociados. O Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise mundial e um dos primeiros a sair. Isso passa, por exemplo, pela política de câmbio flutuante, pelas metas de inflação e pelo sistema de responsabilidade de endividamento. Estamos otimistas com o Brasil. O que, não necessariamente, significa que irá ser um ano tranquilo.


BAN: Poderia comentar sobre os projetos específicos para o Brasil?


Lacerda: A Lanxess no Brasil tem crescido substancialmente, bem mais que o PIB local, o que significa que o nosso crescimento orgânico é acelerado. Em média 11% ao ano desde o início da companhia no Brasil, em 2005. E, além disso, partimos para aquisições, que foi a ex-Petroflex, hoje chamada de Lanxess Elastômeros. Isso mudou completamente o tamanho, volume de negócios da Lanxess no país – para muito melhor. Para 2010, além da consolidação da Petroflex, vamos terminar nesse primeiro semestre a planta de cogeração de energia elétrica em Porto Feliz. Esse é um projeto maravilhoso, quase livre de carbono, é um projeto limpo.


BAN: E ao que atribui esse crescimento acelerado da companhia?


Lacerda: Eu diria duas coisas. Primeiro ponto: temos trezes unidades de negócios com estratégias bem definidas e muito bem acompanhadas por equipes de venda. Segundo ponto: equipes de venda altamente especializada, muito bem treinada e com instrumentos de suporte – dados precisos para que eles possam atuar com segurança. A comunicação interna também é muito eficaz. Todos os colaboradores são informados de todas as estratégias e próximos passos da companhia, o que é um diferencial enorme.


BAN: Quais os investimentos previstos para os BRICs?


Lacerda: A região está no foco da companhia no momento. No Brasil adquirimos a Petroflex – maior aquisição da companhia em um país isolado. Há alguns meses compramos os negócios químicos da empresa indiana Gwalior Chemical Industries Ltd por € 82.4 milhões e, ainda, os ativos de companhia chinesa de médio porte, Jiangsu Polyols Chemical Co Ltd por um valor não divulgado. Na Rússia, a Lanxess abriu recentemente um escritório de representação e vendas. E mesmo depois das aquisições, é preciso alinhar essas produções, ajustar o portfólio dos produtos. Essas aquisições geralmente exigem investimentos de upgrades fabril ou de processo. Então são esses os investimentos para os BRICs. Não passamos volumes específicos de investimentos por bloco econômico e nem por região. Divulgamos apenas o total. Essa é a filosofia do grupo.


BAN: Dois recentes investimentos do grupo foram anunciados: Uma nova planta de tratamento de água na Alemanha, com aportes de € 30 milhões; e uma nova unidade de borracha em Cingapura. Algum desses investimentos tem reflexo direto nos negócios Brasil?


Lacerda: O conceito é ter uma planta de determinado produto abastecendo cada região do mundo – nas Américas, na Europa e na Ásia, incluindo a Austrália. Suprimos a demanda dos mercados locais, regionais e, se tivermos uma produção excedente de capacidade, exportamos. A planta de borracha butílica nós não temos no Brasil, então certamente nós também vamos nos abastecer dessa unidade produtiva de Cingapura.


BAN: Vocês estão completando cinco anos de ações listadas na Bolsa de Frankfurt. Gostaria de saber se a Lanxess tem planos de abrir capital no Brasil e, se não, por quê?


Lacerda: A resposta é não. Porque o mercado financeiro hoje é absolutamente globalizado e o custo de governança de você ter bolsas de capital aberto não compensa. A companhia consegue se financiar tão bem em uma bolsa como se tivesse em várias. Muitas companhias agora já mudaram suas estratégias em um mundo globalizado e reduziram seu capital para uma bolsa apenas. Indo para a sua pergunta dos cinco anos, eu diria que a Lanxess talvez seja o maior exemplo de sucesso de reorganização de negócios. Sempre tivemos uma estratégia bem definida, composta por quatro estepes: dois na parte de administração de portfólio; e na parte de custos, melhorias de desempenho e reestruturações. Se você olhar a história da companhia, nós saímos faturando € 5.4 bilhões no mundo – e estamos faturando € 6.58 bilhões e pouco. Tínhamos 17 áreas de negócios nada rentáveis, e agora são 13 extremamente rentáveis. Tínhamos negócios não tão lucrativos, hoje é totalmente o contrário. E também fomos uma das primeiras empresas a saírem da crise mundial.