Experts alemães apresentam tecnologias em Conferência de Biogás, Cogeração e Trigeração

A Câmara Brasil-Alemanha realizou nesta terça-feira (15) a Conferência de Biogás, Cogeração e Trigeração. Com quase 200 participantes, o evento reuniu experts alemães e brasileiros para apresentar soluções e tecnologias para transformar esterco, bagaço de cana e outros resíduos agrícolas e industriais em biogás.

Na abertura da Conferência, Ricardo Castanho, Diretor de Internacionalização de Empresas e Desenvolvimento de Negócios da Câmara Brasil-Alemanha de São Paulo, afirmou que o objetivo do evento é criar uma plataforma para troca de experiências, conteúdo e contatos. “Este projeto nasceu com o apoio integral do da Iniciativa de Exportação de Energia do Ministério federal alemão de Economia e Energia (BMWi) para favorecer a cooperação entre Brasil e Alemanha. Como representante da economia alemã no Brasil, a Câmara Brasil-Alemanha tem orgulho do bom diálogo e da parceria estratégica que foi construída entre os dois países”, afirmou.

Em seguida, Anja Haupt, Diretora Regional da RENAC para América Central, Especialista em Bioenergia, discursou aos presentes sobre a tradição alemã nas iniciativas do uso de energias renováveis. “Entendemos que a mudança energética é uma estratégia de longo prazo. A Alemanha incentiva as energias renováveis desde os anos 1990. Nosso objetivo é mostrar soluções em escala internacional e implementar projetos concretos a partir de parcerias com empresas e, assim, contribuir para a proteção internacional do clima”, afirmou.

Entre as vantagens da mudança energética estão os efeitos positivos que gera no meio ambiente, na saúde, no mercado de trabalho e também na economia. “A Alemanha ainda depende muito de importações de energia, mas com a participação das energias renováveis podemos economizar quase 9 bilhões de euros”, ressaltou Haupt.

Os benefícios do investimento em plantas de biogás também foram detalhados por Marcela Rezende, da área de Suporte Técnico da Associação Brasileira do Biogás (ABiogás). “O biogás é a representação da cadeia fechada da economia circular. Se todo potencial do biogás fosse aproveitado no Brasil, conseguiríamos suprir 40% da demanda de energia elétrica em 2018. O maior potencial está no eixo sul/sudeste, mas todas as regiões possuem condições para viabilizar projetos de biogás, tanto em grandes aterros sanitários quanto no pequeno produtor, no setor agropecuário, por exemplo”, explicou.

Para as empresas interessadas em dar os primeiros passos na geração de energia por meio de biogás, o Centro Empresarial e Científico Brasil-Alemanha (Wirtschafts- und WissenschaftsZentrum Brasilien-Deutschland e. V.), oferece todo o apoio necessário, desde a fase conceitual até a implantação. Hans-Dieter Beuthan, Diretor do WWZ-BD apresentou os serviços oferecidos pelo centro, como estudos de mercado e desenvolvimento de projetos-piloto para a utilização de tecnologia alemã. “Nossa tarefa é tanto analisar as condições para a cooperação entre as empresas no Brasil e na Alemanha, mas também acompanhar essas cooperações. Só a importação de tecnologias para o Brasil não adianta nada. Para que o projeto tenha sucesso é necessário tropicalizá-lo, adaptando-o à realidade do Brasil”, destacou.

Apresentando o portfólio da empresa, Marcelo Cupolo, Gerente Territorial da Caterpillar Energy Solutions para o Brasil, falou sobre os principais desafios da geração distribuída de energia e produção de motores a gás, usinas de energia e usinas de cogeração. “Uma boa planta de biogás é aquela que funciona. No Brasil, o grande desafio é desenvolver fazer plantas que sejam funcionais, mas que operem a um preço reduzido”, afirmou Cupolo.

Outro ponto destacado pelos palestrantes convidados foi a importância de importância das ações preventivas para ampliar a vida útil dos motores. “A descontaminação do gás é uma chave para o sucesso da operação, pois é um fator essencial para aumentar o ciclo de vida dos motores”, explicou Alfred Buchner, responsável pelo setor de Vendas Internacionais da 2G Energietechnik GmbH. Em sua apresentação ele também falou sobre os motores a gás e as soluções para cogeração e utilização otimizada de biogás oferecidas pela empresa.

Um dos temas de destaque durante o evento foi o potencial do mercado brasileiro para o setor de biogás. Apresentando soluções e tecnologias de agitação eficiente para usinas de biogás, tratamento de águas residuais e processos industriais, Martin Kunze, Consultor da streisal GmbH, falou sobre a maturidade do mercado brasileiro no setor. “Subestimam muito a capacidade do Brasil, mas a engenhosidade brasileira e a vontade de fazer as coisas é inacreditável. É o único país que está tentando desenvolver, sem subsídios, um mercado de biogás. Já é um mercado maduro e com muito potencial”, afirmou.

Dr. Mathias Kern, Diretor da Emka Energie GmbH, também ressaltou o potencial do mercado brasileiro e o interesse alemão em cooperar para o desenvolvimento deste setor. “Na Alemanha, o biogás já é um mercado muito bem estabelecido. E nós vemos esse potencial no Brasil. Não é um bicho de sete-cabeça, mas é preciso trabalhar com tecnologias eficientes e confiáveis”, afirmou.

Representando a Pumpenfabrik Wangen GmbH, Martin Kunze falou ainda que as empresas alemãs não querem ditar regras, mas sim trocar experiências. “Os números brasileiros são muito impressionantes no setor de biomassa. Uma parceria entre Brasil e Alemanha é perfeitamente possível. Queremos trabalhar com quem já está aqui, com quem produz, mas agregar com a nossa experiência”, declarou.

Achim Kaiser, Gestor de Projetos do IBBK – The Biogas Network e Diretor Executivo da Agência Alemã de Promoção do Uso Sustentável de Biogás e Bioenergia (FnBB e.V.), corroborou a opinião a respeito da oportunidade de cooperação. “Os dois países são muito distintos. No Brasil há muita possibilidade de geração de energias renováveis – uma realidade bem diferente da Alemanha”, afirmou. Em sua apresentação ele ressaltou ainda que a geração de biogás é uma excelente alternativa para aumentar a lucratividade. “Quase todas as grandes cervejarias têm uma produção de biogás. Produzem cerveja, mas também se posicionam no mercado na produção de biogás”, disse Kaiser.

Para encerrar a Conferência, Dr. Eng. Rodrigo Pastl, Gerente de Digitalização e Qualidade da CIBIOGAS, apresentou cases de sucesso em geração de biogás e cogeração que exemplificam o amadurecimento da cadeia nacional e como as plantas de biogás podem impactar a lucratividade das empresas. Um dos exemplos citados, a Granja São Pedro Colombari, no Paraná, possui 5 mil suínos e realizou um investimento de R$450 mil para a instalação de uma planta de geração de energia elétrica. O resultado foi uma economia de R$5 mil mensais, gerando um impacto de 40% da lucratividade. “Há muito potencial no mercado de biogás, podemos explorá-lo com parcerias sustentáveis”, concluiu.