Alemanha quer atrair investimentos brasileiros


O Germany Trade & Invest (GTAI) e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha de São Paulo (AHK, na sigla em alemão), promoveram, nesta quinta-feira (10), na capital paulista, um seminário para a apresentação das oportunidades e das vantagens de se investir na Alemanha, especialmente no Leste do país. A apresentação marcou o encerramento da quarta etapa do roadshow “Alemanha Oriental – Inicie seu sucesso empresarial na Europa”, que também teve um evento semelhante no Rio de Janeiro, na terça-feira (8).



“Além dos 82 milhões de consumidores alemães, somos uma porta de entrada para um mercado de 500 milhões de consumidores na Europa, e é importante enfatizar que as empresas estrangeiras que investem no país recebem o mesmo tratamento que as alemãs, têm os mesmos direitos e deveres”, ressaltou, na abertura do evento, Klaus Dornbusch, membro do Ministério do Interior da Alemanha responsável pelo departamento de atração de investimento dos estados da Alemanha Oriental.



Em sua palestra, o diretor executivo do GTAI, Jürgen Friedrich, enumerou, como atrativos dos estados do Leste, a localização estratégica (estão no coração da Europa), a infraestrutura moderna, a mão de obra altamente qualificada, os custos comparativamente baixos, as muitas instituições de pesquisa e desenvolvimento lá instaladas, os incentivos do governo e a qualidade de vida.



Segundo ele, há mais de 8 mil pequenas e médias indústrias na Alemanha em busca de novos sócios, e são vários os setores da economia interessantes para empresas brasileiras.



“Temos uma base industrial muito grande, com produtos competitivos em todas as áreas. As empresas brasileiras que já têm êxito na Alemanha atuam nos setores de siderurgia, química e bioquímica, automobilística e de máquinas e equipamentos. Mas há outros ramos, como o de energias renováveis, que são muitos atrativos”, afirmou Friedrich em entrevista coletiva à imprensa.



Cases de sucesso



Durante o evento, dois executivos de empresas brasileiras que investem na Alemanha deram seus depoimentos.



O primeiro foi Fabio Barbanti Taiar, diretor administrativo e de relações com investidores da fabricante de máquinas-ferramenta Romi. A companhia concluiu a aquisição da alemã BW (Burkhardt+Weber), do mesmo setor de atuação, no final de janeiro deste ano. A empresa europeia foi fundada em 1888 e tem duas unidades de produção próximas a Stuttgart.



“Dentre os fatores que levaram a Romi a investir na Alemanha, está o fato de que, em nosso planejamento estratégico, estamos buscando desenvolver produtos com maior tecnologia embarcada e maior complexidade e atuar em mercados globais”, afirmou Taiar. Ele destacou que a BW tem tradição e é reconhecida pela excelência de seus produtos, e produz máquinas-ferramenta de grande porte, o que permitiu à Romi entrar em um nicho de mercado novo. “Além disso, 25% da produção da BW vai para a China, ou seja, a aquisição concretizou a entrada não apenas na Alemanha, mas em outros mercados no mundo”, completou.



O segundo depoimento foi de Fernando Musa, CEO da Braskem América. O grupo, maior produtor de resinas termoplásticas do continente americano, adquiriu, no ano passado, quatro unidades da Dow Petroquímica – duas nos Estados Unidos e duas na Alemanha, nas proximidades de Stuttgart.



Musa frisou que a aquisição “deu à Braskem uma posição comercial importante não só na Alemanha, como na Europa – 40% das vendas das duas plantas ficam no país de origem, e o restante vai para diversas nações europeias”. Um dos fatores que mais chamou a atenção da companhia nas agora subsidiárias alemãs foi a qualidade da mão de obra, “que combina a disciplina com a flexibilidade e a motivação, e apresenta alta capacitação, comprometimento e dedicação, buscando sempre a excelência no trabalho”, acrescentou o executivo.



Aeroporto de Berlim-Brandemburgo



O seminário abriu espaço também para a apresentação do mais novo aeroporto europeu, de Berlim-Brandemburgo (BER), que deve ser inaugurado em agosto.



Segundo a diretora regional do BER, Verena Hayner, o novo empreendimento vai facilitar ainda mais as conexões para negócios e turismo na Alemanha e na Europa, e “deve dar um impulso adicional ao desenvolvimento da região de Berlim, que já é muito dinâmica”.



Foi apresentada, ainda, a Turíngia, um dos chamados novos estados alemães (que pertenciam à antiga Alemanha Oriental). A coordenadora de projetos da Agência de Fomento do Desenvolvimento da Turíngia, Carine Cornez-Fliege, falou sobre alguns dos atrativos da unidade da federação para investidores estrangeiros, dentre os quais, o fato de estar na região central da Alemanha, a no máximo cinco horas de viagem por terra a qualquer cidade alemã, e possuir uma ótima infraestrutura de transportes e telecomunicações.

AHK/Carlo Ferreri
AHK/Carlo Ferreri